Artigo + Play List Spotfy com toda a Trilha Sonora do Eixo Mole Skate Zine

Conexão entre música e skate, a identidade forte desta cultura e o universo envolvido na produção de vídeos/fanzines de skate. Por Ricardo GosWod, integrante do Eixo Mole Skate Zine.

Antes de começar, pega o Link para a Play List: Eixo Mole Skate Zine Trilhas

O Eixo Mole é o fanzine de skate, em vídeo, que estes malditos velhos skatistas de Curitiba produzem com entrevistas, novas crews da cidade, rolês dos tiozões e bastante arte e música que se associam ao skate de várias formas. Reuni todas as músicas que já usamos como trilha sonora para a produção dos vídeos em uma play list de Spotfy!

Skate (skateboard) tem forte raiz na cultura musical alternativa como rap, punk, metal e todas as “subculturas” ou culturas de rua, fato que pode somar-se às diversas razões pelas quais não se chame skate exatamente de esporte. Trata-se de uma cultura e forma de viver e enxergar o mundo que vai muito além da prática física. Tem muito envolvimento com a experiência urbana, com o uso da cidade como lugar para se estar e não apenas como passagem, visão esta também compartilhada por uma parcela de artistas e músicos que acabam se esbarrando literalmente e conceitualmente com os diversos tipos e estilos de skatista, nas calçadas e praças do mundo. Se esta cultura e forma de ver os espaços vai se manter, se renovar, envelhecer ou desaparecer, não sei dizer. Mas por hora esta é a nossa trilha.

Ainda não desisti de contar outra história que é sobre como muitas coisas chegaram à mim pela música. Explicando rapidamente, vejo que muito do imaginário político e cultural que me formou chegou aos meus ouvidos diversas vezes pela música, com visões de mundo diferentes e compartilhadas musicalmente, principalmente quando esta musicalidade estava, digamos, na margem da cultura predominante. Ainda que com certos privilégios de gênero, cor, etc, nunca tive afinidade com esta cultura predominante, geralmente reflexo dos valores da classe dominante de nosso tempo e lugar. Enfim, treinamento para ver com outros olhos.

E outro aspecto que faz “colar” fácil música com skate vem do histórico de produção dos “vídeos” de skate. Desde o início do skate esta prática foi se consolidando, seja por motivos comerciais, onde a indústria, que era geralmente criada pelos próprios skatistas, divulgava seus produtos e seu time de skatistas em seus “filmes da marca”, seja por pura vontade de registrar a evolução das manobras e compartilhar com seus parceiros de rolê. E claro, era necessário incorporar aos vídeos mais que apenas manobras. Esta é, até hoje, uma forma de expressar o ambiente onde o skate acontece, os amigos que estão presentes e a atmosfera dos momentos, incluindo também algumas metamorfoses para o contexto atual de redes sociais. Assim, a trilha sonora dá mais identidade a cada parte dos vídeo dos skatistas, das crews e marcas. Aqui vem nossa parte, enquanto produtores de conteúdo e vídeos de skate do Eixo Mole, em manter esta tradição que tanto nos apresentou novos artistas e fez girar, inclusive comercialmente, a roda da indústria musical. Estamos fazendo nossa parte nesta divulgação de artistas e do cenário musical que nos rodeia e o apresentando à novas pessoas.

Pessoalmente, aprendi a não confiar em publicidade comprada e muito agressiva, e junto com cartazes de poste, lambes e à indicação direta de amigos, os filmes de skate foram ganhando espaço neste meu esquema mental de informação segura. A música do skate chega e precisa ser interpretada, cada um fazendo seu juízo, e por mais que haja a influência daqueles ou daquelas skatistas mais habilidosos ou estilosos, percebe-se que há um menor impacto da mídia tradicional, do esquema de pagar para parecer bom e popular, dentro do cenário do skate. Espero não estar muito equivocado.

Conheça o Eixo Mole Skate Zine – no YouTube ou pega as notícias do dia a dia no Instagram Eixo Mole.

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