Texto e desenho extraídos da publicação original dobrada, um lado o desenho, o outro o texto. Ta aí agora: desdobrado e esticado.
Tem um tiozinho que eu simpatizo com ele lá perto de casa. Ele até que é meu amigo. Nossa amizade consiste que ele é bicicleteiro e passa desabalado todas as manhãs pelo meu portão dando rapidamente o “bããão” que se habitua dar quando os povo onde que eu moro se encontram casualmente pela rua, normalmente assusta e não dá tempo de responder…MINHA RUA É MUITO DESCIDA e eu passei esse ano tentando fazer com que os vasos da frente da casa permanecessem do lado esquerdo do quintal -eles rolam para o outro e ficam entulhados na parede mais baixa. Em janeiro, dei uma copia dessa publicação dobrada pro bicicleteiro sem querer, através de um vento fudido que em janeiro ventava e levava meus papéis por aí pelos lugares; queria ver a reação que ele ia ter…passado quase ano nossos avistamento diário continuavam no mesmo quilate, mas é que agora em vez do “bããão” ele mudou pra dizer “maquelado”…todo dia era maquelado. “MAQUELAAADO…” aquilo ia me intrigando já cedo e eu ficava pelo menos umas duas meia-hora por dia pensando “porra o quê que esse ente grita diariamente aqui com sua própria voz e que parece uma pergunta mas não garanto porque é difícil discernir uma pergunta de um xingo quando o portador da mesma urra despencando assim de passagem que nem lóke…”. Minha rua é muito descida eu já disse… Todo dia antes de dormir eu assisto um filme; é o meu preferido então assisto todo dia o mesmo, antes de dormir, e o cumprimento do caboclo me soava cada vez mais desesperado igual na cena do filme quando o ator cai velozmente de cima de um lugar bem alto em direção a um lugar bem baixo. E morre o dublê.
Calhou que esses dia vinha esse um amigo subindo a descida, esbaforido, carregando só o guidão da bicicleta dele por cima da cabeça dele que nem uma tirolesa ; como que testando uma tirolesa sem fio pra decerto vender na vila com partes de wireless… Eu tava na minha rotina íngreme de quintal e decidi que aquilo tava ficando meio inusitado e que era melhor falar com o singelo e finalmente saciar minha pergunta e, o que eu até então não sabia ser também uma pergunta da parte dele. E foi o que em nome da nossa amizade eu fiz, e maquelado era MAQUELADO porque na velocidade não cabia dizer: “MAS QUE LADO QUE ABRE ESSA PORRA DE PAPEL QUE VOCE INVENTOU PIÁ DO CACETE??? “ Entendeu?
Aí que eu digo publicação dobrada é ruim de manusear, abrir e fechar.
E na verdade isso aí tanto faz, maquelado, meu amigo.
É tudo mentira, nunca aconteceu e os desenhos são de Hugo Alex.
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Rafael Schwab é de Ponta Grossa e escreve aqui na Jorle em sua coluna Música de Filho da Puta.
Rafael também faz música – HARA MICHUERBAK | PESAMES | Garrancho em Lápide | O messias por ele mesmo (II) – e arte/colagem – FB-Rafael Schwab e no Insta.